Ela que hoje padece com tantos adjetivos nefastos, foi o xodó do mundo. No Brasil não foi diferente. Nasceu inquieta, rebelde, experimentalista. Poderosa, não se furtou ao direito de fazer o que bem entendia divulgando o melhor da cultura do mundo. Trazendo as outras artes para dentro dela. Convivendo harmoniosa com a literatura e com o teatro, em especial. A TV completa 60 anos esta noite. Quando chegou... ninguém duvidava de seu potencial hipnótico. Ao ver os primeiros anos, assistindo aos videoteipes, fica-se emocionada (o) com a qualidade da programação que se tinha. O improviso e os erros, tão evidentes hoje, são pérola do autodidatismo. Assim parece ser com todas mídias quando surgem. Cheias de vida. Mas a vida mesmo está nas mãos de quem as opera.
Assim como o jornal e o rádio, a TV também causou frenesi. Era a junção de tudo. Ali, rápido, voz e imagem, em movimento. Tantas possibilidades. Culturais, educativas, de entretenimento. Tão geniais. A TV foi muito mais poderosa do que se julga e pensa hoje sobre e a respeito da internet. Ainda que esta também o seja. E seja tão promissora quanto sua irmã mais velha.
É verdade que o desgaste dos anos, a baixa criatividade, a vulgarização programática tiram o brilho desta companheira. Mas não é a ferramenta que não presta e sim a direção que se dá a ela. Isto é importante de lembrarmos. Outro uso, outra programação podem sim devolver à TV o papel revolucionário que lhe cabe tão bem até hoje. É preciso apenas que hajam mulheres e homens conscientes deste potencial de transformação.
Todas as mídias do mundo, uni-vos. Porque pelas mãos de quem as opera pode ser projetado outro mundo.
É isso. Parabéns à telinha. Ela merece. E aos seus fantásticos trabalhadores.
Gislene Bosnich