Há alguns meses discutimos em sala de aula o fetiche, segundo Karl Marx, um fenômeno próprio da sociedade capitalista em que a mercadoria (trabalho morto, já realizado) passa a ter maior importância que o trabalhador (trabalho vivo) que a produziu. Ou mais simples: quando a coisa adquire vida e o seu criador passa a ser o apêndice, o morto no sentido daquele que é conduzido pela coisa.
Com uma campanha publicitária feroz, uma nova empresa de telefonia celular adentra o Estado de São Paulo prometendo três meses de ligações grátis com uma exclusiva condição, a compra do chip. Não sei quanto custa o chip, mas sei quantas pessoas estão diariamente há cerca de três semanas aglomerando-se num pequeno quioesque próximo a catraca que dá acesso à estação Tatuapé (Zona Leste). É simplesmente inacreditável que haja tantos seres com tanto tempo disponível para ocupar, após o término da fila, falando, em geral, asneiras com outro qualquer do outro lado da linha.
Talvez aqueles que abandonaram o transporte público coletivo não saibam do que se trata, e imaginem mesmo que meu desabafo é até mesmo preconceituoso. Pois, nada disso é verdadeiro. A comunicação entre seres humanos continua muito ruim. As pessoas continuam não se entendendo, porque cada vez mais têm dificuldade em expressar seus desejos e suas intenções. E quando o fazem, acabam manifestando de forma ímpar a grosseria da comunicação que não se estabelece. No entanto, a compra de um chip parece ser ou estar travestida de alguma magia. Falar três meses de graça pelo celular vai arruinar de vez a qualidade do transporte público coletivo onde o bom senso pode ser considerado expressão banida até mesmo das novas normatizações do nosso idioma.
Além da não comunicação com o outro; do incômodo com os próximos seja pela fala com o outro, seja pelo som absurdamente alto destes novos imbecis; tem-se ainda o fascínio pelo equipamento, principalmente entre homenzarrões que freqüentam (ainda não baniram o trema, estou aproveitando) o metrô e passam distraidamente dezenas de minutos com seus equipamentos fálicos, bolinando as teclas num gamezinho, enquanto namoradas, esposas, amigas, olham as moscas. Onde está a comunicação real? Talvez assim que estas mesmas pessoas se distanciem dos homenzarrões, estes se lembrem de pegar o celular e ligar para elas. Mas enquanto elas estão ali próximas a eles, nada disso se materializa.
É natural que eu reclame, mas me sinto sendo vencida todos os dias. Num verdadeiro turbilhão de bobagens que se reproduzem muito mais velozmente que os vírus.
Quem aceita o desafio de andar de metrô pelos próximos dois meses, vai saber do que estou falando. Quem não aceitar, não reclame!
Gislene Bosnich
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quinta-feira, 30 de outubro de 2008
terça-feira, 28 de outubro de 2008
O tempo urge... enquanto isso, na sala de justiça
Desde que as Olimpíadas acabaram estou para postar uma nova mensagem. Um balanço. Um balanço sobre a expressão da retomada do capitalismo em Cuba, que a fez pela primeira vez estar distante das primeiras colocações. O gosto da barbárie. Pena, mas a retomada já vem de longe. Mas o tempo deste post já passou... e o rascunho que fiz, ainda incompleto, já perdeu um pouco do sentido.
Depois, vieram as eleições, mas estas mesmo não empolgaram ninguém. Aliás, já faz tempo que eleições não empolgam ninguém. A última vez foi com Lula em 2002 e antes, talvez, em 1989.
Antes que as eleições terminassem poderíamos descrever os trágicos e pitorescos casos de machismo explícito (na tela e fora dela) e de sociopatia com pai esquartejando filhos, seja na cidade de São Paulo ou por aí no mundo. E jovens matando seus amigos nas escolas da Finlândia ou na Barra Funda paulistana. Mas a dinâmica do tempo seguiu implacável e não poupou meus afazeres. Na correria, boas reflexões viraram apenas intenção.
Finalmente quando a aparência parece querer enganar... as bolsas desabaram, os bancos quebraram e os Estados - não os unidos -, mas os Estados Capitalistas estenderam a mão, não a invisível, que de fato não existe, mas a mão da arrecadação pública, para mais uma vez socorrer os ricos. Em todo mundo o neoliberalismo cheirava mais mal que o de costume.
Mas também não pude comentar com o devido rigor. Virou aula, virou som, que as ondas levaram.
Ontem, dia 27 de outubro voltando da casa de amigos, vi muitos guardas municipais cercando um já apreendido carrinho de ambulante com frutas. pensei: Frutas Piratas? Não, as frutas não podem ser piratas, podem ser transgênicas, mas não piratas. Ah! sim, o camelô não paga imposto para vender frutas. Mas por que tanta intransigência num país que nem iria sentir a crise e já liberou mais de 160 bilhões de reais (ou seriam dólares?) para os 'pobrezinhos' banqueiros?
O camelô de certo deve ter pensado o mesmo enquanto esperava em pé pela nova violência travestida de justiça.
O telefone vermelho toca... anunciando quem deve ser preso. Novamente o trabalhador. Isso sim é a Justiça da burguesia. Cega, mas coerente com a classe que representa e defende.
A sala da Justiça está fechada para os trabalhadores.
P.S. - Infelizmente, eu não estava com a câmara fotográfica.
Gislene Bosnich
Depois, vieram as eleições, mas estas mesmo não empolgaram ninguém. Aliás, já faz tempo que eleições não empolgam ninguém. A última vez foi com Lula em 2002 e antes, talvez, em 1989.
Antes que as eleições terminassem poderíamos descrever os trágicos e pitorescos casos de machismo explícito (na tela e fora dela) e de sociopatia com pai esquartejando filhos, seja na cidade de São Paulo ou por aí no mundo. E jovens matando seus amigos nas escolas da Finlândia ou na Barra Funda paulistana. Mas a dinâmica do tempo seguiu implacável e não poupou meus afazeres. Na correria, boas reflexões viraram apenas intenção.
Finalmente quando a aparência parece querer enganar... as bolsas desabaram, os bancos quebraram e os Estados - não os unidos -, mas os Estados Capitalistas estenderam a mão, não a invisível, que de fato não existe, mas a mão da arrecadação pública, para mais uma vez socorrer os ricos. Em todo mundo o neoliberalismo cheirava mais mal que o de costume.
Mas também não pude comentar com o devido rigor. Virou aula, virou som, que as ondas levaram.
Ontem, dia 27 de outubro voltando da casa de amigos, vi muitos guardas municipais cercando um já apreendido carrinho de ambulante com frutas. pensei: Frutas Piratas? Não, as frutas não podem ser piratas, podem ser transgênicas, mas não piratas. Ah! sim, o camelô não paga imposto para vender frutas. Mas por que tanta intransigência num país que nem iria sentir a crise e já liberou mais de 160 bilhões de reais (ou seriam dólares?) para os 'pobrezinhos' banqueiros?
O camelô de certo deve ter pensado o mesmo enquanto esperava em pé pela nova violência travestida de justiça.
O telefone vermelho toca... anunciando quem deve ser preso. Novamente o trabalhador. Isso sim é a Justiça da burguesia. Cega, mas coerente com a classe que representa e defende.
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Contra a barbárie
Público-alvo: adolescentes
Motivar, impulsionar, levar à reflexão, levar à transformação consciente, coletivo sem anular o indivíduo.
O blog está disposto da seguinte maneira. Na coluna à esquerda estão disponíveis textos gerais, alinhados por série.
Também há slides de fotos de espaços culturais registradas por mim e sites sobre educação e saúde.
Já na coluna central estão as postagens. Postagens são mensagens que escrevo e envio sobre algum assunto atual e não necessariamente relacionado ao que estamos estudando. Todas as postagens podem ser comentadas, basta clicar em comentários. Aí você escreve sua opinião.
As postagens antigas estão alinhadas na coluna da esquerda. Por exemplo, o blog começou dia 30 de abril de 2008. Basta ir até arquivo do blog e procurar o mês e a data.
Voltando... na coluna central também há vários links que informam sobre possibilidade de consulta para estudo. São sites idôneos de entidades, em geral, públicas ou reconhecidas pela seriedade. Também há outro conjunto de links que agrupam espaço culturais.
Para os professores, o site dispõe de um link (sala dos professores) com textos sobre educação veiculados na mídia eletrônica, e também um canal de contato; o e-mail: contraabarbarie@gmail.com
Gislene Bosnich
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Gislene Bosnich
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O Analfabeto Político - Bertolt Brecht
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, a criança abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.
Nada é impossível de Mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
Privatizado. Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, a criança abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.
Nada é impossível de Mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
Privatizado. Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.
Uma chance à Humanidade
Ser trabalhador nunca foi fácil. Ser mulher trabalhadora então ainda é mais complicado.
Este blog é uma maneira de não desistir de procurar formar trabalhadores críticos e que vão buscar transformar este mundo numa sociedade sem classes, sem exploração em que cada ser humano possa desempenhar o que desejar sem que isso signifique um crime.
Gislene Bosnich
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Gislene Bosnich